Amor Abissal

 No vale sagrado,

onde canta o vento,
te espero em fogo,

tal qual Apolo, deus sedento.
Sonho com teu corpo de luz e desejo,
Em teus braços, belo jovem,

me faço em flor de veias.
Meu Jacinto, flor de carne,

de beleza imortal,
Rende-se ao meu toque,

febril, carnal.
Dança em meus campos,

Entre suor e gemidos,
Desnuda-me, nesse amor proibido

Mas eu não sou Apolo

sou Hades, oculto e sombrio,
Senhor das sombras,

do abismo vazio.
Ordenei a Zéfiro, sopro traiçoeiro,
Roubar-te da luz e do brilho primeiro.
Arrasto-te à noite

onde me faço rei,
E na ausência do Febo,

o teu corpo que amarei.

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