VIDA DE AÇOITES - POEMA INSPIRADO NO LIVRO TORTO ARADO DE ITAMAR VIEIRA


 

A fala arrancada a golpe.

Uma vida de açoites,

A fé traz os antepassados

na dança do Jarê.


A noite é fuga e lágrima

pensando no crescer e cuidar,

a única saída pra quem

cansou de rezar.


A seca que mata, queima a pele preta

faz cantar mais alto seus louvores a Iansã.

Santa Bárbara rogai por nós,

diminua as nossas perdas.


Rogai, Miúda Santa Rita Pescadora,

mantém a vida de Água Negra.

Girando, girando lanças a rede no terreiro

buscando os filhos que perdera.


Severo, o tempo não descansa,

ferido pela ganância

deixou a terra

de sangue manchada.


O velho Chapéu Grande

já não serve aqui e nem lá.

Foi levado pelos encantados

foi o que ouvi falar.


A vida não para,

começa tudo de novo.

E o novo é escrito e lavrado

naquele pedaço de chão,

naquele torto arado.


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