carolina


Ela tinha todos os motivos para não escrever.

Escreveu.

Escreveu sobre os dramas de tantos além dos seus.

Usou a dor e a fome como letra e rima

das lágrimas fez tinta e do papel a vida.


Preta poeta, preta sofrida

alvo da inveja por ter alma distinta.

Dos seus filhos, a base. Os filhos, a sua causa

no amor não crê, cansou de promessas

paga pra vê.


Ferro e papel meios de vida

casa de alvenaria, sonho concreto.

Do quarto de despejo, vestidos de seda

realização de um desejo, de como gente ser vista

pelas pessoas da sala de visita.


Na verdade, da vida nunca quis muito

só o de direito,uma vida digna e de respeito.

De jesus, diz seu nome

e como ele um martírio carregou

sentiu na pele o preconceito, a dor.


Por causa de sua casta, sua cor.

Para muitos heroína, para outros

uma exótica distração,

por não escrever com regras


e sim com o coração.
 

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