A ESPERA


       Chegou cedo, acompanhada pela madrugada. Boêmia, cansada, ávida por algo que esquentasse um pouco seu corpo gélido. Olhos tristes, mas desafiadores me encaram ao abrir da porta até sentar-se no bar. Pedi-me um chá, enquanto espera, olha para o relógio, desejando que simplesmente o tempo não existisse mais. Sorve um gole de chá, olha o relógio, resmunga algo, olha-se no espelho ao fundo do bar, verifica o batom, de um vermelho sanguíneo, olhos marcados e negros conferem-na um ar fatal para esconder talvez um coração frágil, recheado de sonhos de menina. Será que sua espera será breve? Será que ele virá? A cada movimento próximo a porta seu olhar faísca na direção. Não, não é ele. Como gostaria de queimar este maldito relógio e seu tic tac perturbador.  Devias ir para casa e tentar dormir e esquecer seja lá o que aguarda. A paixão nos tira tudo até a paz do sono não nos resta. E ele ainda não veio...

(Arte em óleo sobre tela de mesmo titulo e texto de Sol Oliveira)

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